Na condição de presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (Conseagri), o secretário da pasta na Bahia, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, reiterou, através de ofício ao ministro da Agricultura, Antonio Andrade, a posição da entidade, totalmente contrária à pretendida importação de banana do Equador. Ao pleitear o bloqueio do mercado brasileiro, Salles alerta que “a entrada desta fruta do Equador representa risco de introdução de doenças em nosso País que colocariam sob ameaça a lavoura, com prejuízos incalculáveis não apenas de natureza econômica mas também do ponto de vista social em conseqüência da redução de postos de trabalho e ampliação do êxodo rural que essa medida viria a ensejar”.

O presidente do Conseagri pondera que a importação do ponto de vista sanitário seria um desastre, pela possibilidade da entrada no Brasil de doenças inexistentes no Brasil e já instaladas no Equador, o que coloca sob ameaça a produção nacional. Além disso, os bananais equatorianos recebem 40 pulverizações com defensivos químicos por ano, quatro vezes mais que os brasileiros.

O secretário e presidente do Conseagri lembra que “a Bahia se tornou o primeiro estado brasileiro, reconhecido pelo Ministério da Agricultura como área livre da Sigatoka Negra”, ressaltando que “para o alcance e manutenção desse status, os papéis da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, como responsável pela geração e pelo desenvolvimento de variedades resistentes à doença, e da Adab, com o órgão de fiscalização e da defesa sanitária foram fundamentais para a certificação”.

Presidente da Associação dos Produtores de Banana da BahiaErvino Kogler afirmou conhecer de perto os riscos que a importação da banana do Equador representa para o Brasil. “Estive no Equador e pude ver a grande quantidade de Moko e a forma incorreta com a qual os produtos agrícolas são armazenados naquele país.

Além disso, a importação da banana abre espaço para uma concorrência desleal e desnecessária, diante do baixo custo da produção do Equador, por conta dos baixos impostos, da mão de obra barata e das condições de trabalho ilegais, com participação de crianças na produção.

A praga

O fungo, Mycospharella fijiensis (Morelet) Deighton, conhecido popularmente como Sigatoka Negra, tem alta capacidade de contaminação. Pode ser levado através do vento, das águas da chuva ou no transporte da banana.  É originário das Ilhas Fiji, localizadas ao sul do Oceano Pacífico, e atualmente está presente em toda América Central, parte da África e Ásia, Colômbia, Venezuela e Equador. As folhas das bananeiras são atacadas, o que provoca rápida decomposição. A morte da planta acontece antes mesmo da formação do cacho, porque reduz a capacidade fotossintética. Em decorrência disto há uma diminuição na produção.

Geração de emprego e renda

Em todo o Brasil a bananicultura gera mais de dois milhões de empregos diretos e indiretos. Em algumas regiões do país é a única atividade econômica que move mercados locais e regionais, principalmente na região Sudeste (Vale do Ribeira, interior do Estado de São Paulo, Norte de Minas Gerais), Bahia (região de Bom Jesus da Lapa e Ponto Novo), Sul (litoral do Paraná, Corupá, Luiz Alves, Massaranduba e Garuva em Santa Catarina, e região de Torres no Rio Grande do Sul), bem como nos projetos de assentamentos rurais e nos grandes conglomerados agroeconômicos em todo o Nordeste. Proporcionalmente é uma das culturas que mais empregam e mais geram rendas, pois quase não se utiliza a mecanização no seu cultivo.

 Produção de banana

O Brasil é o terceiro maior produtor de banana, com 7,5 milhões de toneladas anuais, ficando atrás apenas da Índia e da China. São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Ceará e Pernambuco são responsáveis por 74% da produção brasileira. No País são cultivados cerca de 500 mil hectares da banana, com média de 99% desses frutos comercializados no mercado interno. A bananicultura, atividade agrícola presente em todos os estados do País, constitui um dos principais cultivos da agricultura familiar.

A Bahia é o segundo maior produtor de banana do País, com  1,2 milhão de toneladas. Cerca de 60% da produção é feita por pequenos produtores, ou seja, é um dos principais produtos da agricultura familiar, gerando renda para milhares de famílias.

A dificuldade da fiscalização dos produtos importados também é um dos entraves apontados pelo secretário da Agricultura. “Diante da grande dimensão territorial do nosso País, não possuímos fiscais suficientes, nem condições de controlar eficientemente a entrada da banana vinda do Equador, em conformidade com os procedimentos e exigências fitossanitárias”, finalizou Salles.

 

Fonte:

Ascom Seagri 

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